Ontem passou na TV Brasil, que aliás é uma tevê ótima e com credibilidade, o músico/cantor Zé Ricardo, que fez/faz algumas parcerias com músicos conhecidos pela mídia comercial. Bem, esse talento brasileiro faz nada mais, nada menos, que honrar a música brasileira. Claro, tem diversas influências estrangeiras, como o Soul, o Funk, o Jazz... Mas a música dele é bem mais puxada prum Funk. (ídolo: Tim Maia). Sem enrolação! Quem quiser conferir, eu vou deixar aqui duas dicas (quentes) : Veja a gravação de I've got a woman (Ray Charles) e Ela partiu (Tim Maia).
domingo, 27 de julho de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Bar ruim é lindo, bicho - Antônio Prata
Seguindo a onda dos butecos, achei por acaso um texto do Antônio Prata que fala quase a mesma coisa que o texto do nosso ilustríssimo Matheus: os bares conhecidos verdadeiramente como butecos (de alguém, geralmente. Ex: buteco do seu jorge). Pois então, segue o texto, muito bom:
"Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).
– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?"
Retirado de: link
"Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).
– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?"
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sábado, 12 de julho de 2008
De esquina.
Boteco não é bar, e nem tem o desejo de ser.
Todo boteco é bimboca de esquina, boca-de-porco de jogadores de truco e o lugar sujinho de todo velha guarda.Portanto é genuinamente masculino destinado as calorosas discussões de assuntos de extrema importância nacional: futebol, cerveja, carros, economia e política.Tendo em seus balcões os maiores entendedores do assunto.Já vi sujeito entender mais da seleção brasileira que o Zagallo e jurar que dirigia um Formula 1 melhor que o Barrichelo.
O cardápio de tão curto nunca foi impresso, quem frequenta sabe tudo e na ausência do balconista conhece o caminho da cerveja e do guardanapo.As estufas são um Buffet de Coxinha,Bolovo,Salsicha Empanada e Bolinhos de carne todos acompanhados com um molho de pimenta de receita e procedência desconhecida.
Tudo é devorado sem pratos e normas de etiqueta, a boa pratica diz que botequeiro com frescura deixou de ser um botequeiro.Malandro de boteco bebe no copo americano e só usa guardanapo de papel.Nunca experimentou beber fanta uva de canudinho e fumou cigarro de filtro branco.Tem todos os Lps do Bezerra e sabe a escalação da seleção de 60 inteira.Sempre que pede o que bebe entrega um gole pro santo.
Um estabelecimento pra ser elevado a essa categoria tem que ter um nome criativo sempre antecipado com um Bar na frente.O que frequento se chama Bar do Paçoca.
O Paçoca é o botequeiro nato, todo dia veste o mesmo jaleco e mastiga o mesmo palito entre os dentes.Nunca comenta nada,e sempre esta silêncio do outro lado do balcão.Reclama quando tem que devolver muito troco e sempre diz que o preço alto do pastel é culpa do Presidente e não dele.Se o Lula soubesse que o pior dos seus problemas é o mau-humor do Paçoca tomaria medidas federais urgentes.
O cardápio de tão curto nunca foi impresso, quem frequenta sabe tudo e na ausência do balconista conhece o caminho da cerveja e do guardanapo.As estufas são um Buffet de Coxinha,Bolovo,Salsicha Empanada e Bolinhos de carne todos acompanhados com um molho de pimenta de receita e procedência desconhecida.
Tudo é devorado sem pratos e normas de etiqueta, a boa pratica diz que botequeiro com frescura deixou de ser um botequeiro.Malandro de boteco bebe no copo americano e só usa guardanapo de papel.Nunca experimentou beber fanta uva de canudinho e fumou cigarro de filtro branco.Tem todos os Lps do Bezerra e sabe a escalação da seleção de 60 inteira.Sempre que pede o que bebe entrega um gole pro santo.
Um estabelecimento pra ser elevado a essa categoria tem que ter um nome criativo sempre antecipado com um Bar na frente.O que frequento se chama Bar do Paçoca.
O Paçoca é o botequeiro nato, todo dia veste o mesmo jaleco e mastiga o mesmo palito entre os dentes.Nunca comenta nada,e sempre esta silêncio do outro lado do balcão.Reclama quando tem que devolver muito troco e sempre diz que o preço alto do pastel é culpa do Presidente e não dele.Se o Lula soubesse que o pior dos seus problemas é o mau-humor do Paçoca tomaria medidas federais urgentes.
Bom brasileiro é bom botequeiro e não come em Bistrot.
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♫ Gripe cura com limão, jurubeba é pra azia
Do jeito que a coisa vai, o boteco do Arlindo vira drogaria ♫
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